quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Cacau nativo vale mais que cultivado

Desde 2007, um grupo de pesquisadores vinculados à Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre, Ufac, estuda o manejo florestal comunitário do cacau nativo. A ideia principal é instituir procedimentos técnicos que possibilitem a ampliação da produtividade do cacaueiro localizado em ambiente natural, a fim de atender a uma crescente demanda de mercado.
Ou seja, como há evidências de que existem compradores no mercado dispostos a adquirir até quatro vezes mais que a quantidade de cacau nativo anualmente produzido, o desafio é conseguir quadruplicar essa produção, sem apelar para a solução usual da domesticação e do cultivo.
Ocorre que o diferencial de mercado do chocolate produzido com sementes de cacau nativo, em comparação com o cacau cultivado e melhorado geneticamente, é o fato de que a semente do cacau nativo possui um sabor considerado especial por ser selvagem, primitiva e original.
Como dizem os franceses, o “flavor” (combinação entre o sabor e o aroma do chocolate) produzido pela semente de cacau nativo é deveras superior. Mesmo não existindo uma comprovação científica acerca da superioridade do flavor do cacau nativo, o mercado tem crescido a taxas consideráveis.
A produção de cacau nativo possui duas características principais. Em primeiro lugar, todo o processo produtivo é realizado por meio de um fluxo contínuo de atividades que podem ser melhoradas mediante a adoção de inovações tecnológicas elementares; em segundo lugar, a semente de cacau, para ser produzida com a qualidade requerida pelo mercado, exige rotina de produção e disciplina rigorosas, definidas pelo tempo necessário para cada etapa do processo.
Uma vez colhido, o fruto tem que ser quebrado em até 5 dias. Uma vez quebrado, a semente tem que ser fermentada em até 7 dias. Uma vez fermentada, a semente tem que ser seca em até 40 dias. Só depois desses procedimentos, a semente é embalada em sacos de lona e embarcada em balsa que leva até 60 dias para chegar à Europa. Desvios nesses prazos estragam a semente e acarretam perdas irreparáveis.
A solução apontada pelos engenheiros florestais reforça a necessidade de se elaborar o Plano de Manejo Florestal Comunitário para o Cacau Nativo. Esse documento orienta os manejadores sobre como proceder em todo o processo produtivo, de forma a aumentar a produtividade.
Sob o apoio do CNPq, os pesquisadores definiram um conjunto de 6 protocolos de manejo florestal comunitário, que, uma vez executado, ajuda a alcançar uma produtividade satisfatória de sementes de cacau em 3 anos.
Os manejadores de cacau nativo poderão obter maior produtividade mantendo o cacaueiro em ambiente florestal nativo, de modo a atender a um mercado que apresenta potencial elevado de demanda. Trata-se de um nicho de mercado para chocolates exclusivos e que paga maior preço pelo produto.
Por outro lado, a produção de cacau nativo é bastante atrativa do ponto de vista econômico. Estudos realizados junto aos manejadores localizados no rio Purus demonstram que a produção de cacau nativo é a que melhor remunera o trabalho realizado pelas comunidades ribeirinhas, chegando a 50 reais a diária, o que adquire importância sensível para dinâmica econômica local.
Finalmente, a produção manejada de sementes de cacau nativo pelas comunidades se viabiliza, na medida em que exige investimentos adequados à realidade do pequeno produtor florestal amazônico, que pode optar por iniciar sua produção no curto prazo, com a oferta de uma quantidade expressiva de sementes.
Trata-se de um produto único, pois possui, além do flavor, o ingrediente da sustentabilidade, ao favorecer a manutenção da floresta na Amazônia




Desde 2007, um grupo de pesquisadores vinculados à Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre, Ufac, estuda o manejo florestal comunitário do cacau nativo. A ideia principal é instituir procedimentos técnicos que possibilitem a ampliação da produtividade do cacaueiro localizado em ambiente natural, a fim de atender a uma crescente demanda de mercado.
Ou seja, como há evidências de que existem compradores no mercado dispostos a adquirir até quatro vezes mais que a quantidade de cacau nativo anualmente produzido, o desafio é conseguir quadruplicar essa produção, sem apelar para a solução usual da domesticação e do cultivo.
Ocorre que o diferencial de mercado do chocolate produzido com sementes de cacau nativo, em comparação com o cacau cultivado e melhorado geneticamente, é o fato de que a semente do cacau nativo possui um sabor considerado especial por ser selvagem, primitiva e original.
Como dizem os franceses, o “flavor” (combinação entre o sabor e o aroma do chocolate) produzido pela semente de cacau nativo é deveras superior. Mesmo não existindo uma comprovação científica acerca da superioridade do flavor do cacau nativo, o mercado tem crescido a taxas consideráveis.
A produção de cacau nativo possui duas características principais. Em primeiro lugar, todo o processo produtivo é realizado por meio de um fluxo contínuo de atividades que podem ser melhoradas mediante a adoção de inovações tecnológicas elementares; em segundo lugar, a semente de cacau, para ser produzida com a qualidade requerida pelo mercado, exige rotina de produção e disciplina rigorosas, definidas pelo tempo necessário para cada etapa do processo.
Uma vez colhido, o fruto tem que ser quebrado em até 5 dias. Uma vez quebrado, a semente tem que ser fermentada em até 7 dias. Uma vez fermentada, a semente tem que ser seca em até 40 dias. Só depois desses procedimentos, a semente é embalada em sacos de lona e embarcada em balsa que leva até 60 dias para chegar à Europa. Desvios nesses prazos estragam a semente e acarretam perdas irreparáveis.
A solução apontada pelos engenheiros florestais reforça a necessidade de se elaborar o Plano de Manejo Florestal Comunitário para o Cacau Nativo. Esse documento orienta os manejadores sobre como proceder em todo o processo produtivo, de forma a aumentar a produtividade.
Sob o apoio do CNPq, os pesquisadores definiram um conjunto de 6 protocolos de manejo florestal comunitário, que, uma vez executado, ajuda a alcançar uma produtividade satisfatória de sementes de cacau em 3 anos.
Os manejadores de cacau nativo poderão obter maior produtividade mantendo o cacaueiro em ambiente florestal nativo, de modo a atender a um mercado que apresenta potencial elevado de demanda. Trata-se de um nicho de mercado para chocolates exclusivos e que paga maior preço pelo produto.
Por outro lado, a produção de cacau nativo é bastante atrativa do ponto de vista econômico. Estudos realizados junto aos manejadores localizados no rio Purus demonstram que a produção de cacau nativo é a que melhor remunera o trabalho realizado pelas comunidades ribeirinhas, chegando a 50 reais a diária, o que adquire importância sensível para dinâmica econômica local.
Finalmente, a produção manejada de sementes de cacau nativo pelas comunidades se viabiliza, na medida em que exige investimentos adequados à realidade do pequeno produtor florestal amazônico, que pode optar por iniciar sua produção no curto prazo, com a oferta de uma quantidade expressiva de sementes.
Trata-se de um produto único, pois possui, além do flavor, o ingrediente da sustentabilidade, ao favorecer a manutenção da floresta na Amazônia.

* Professor Associado da Universidade Federal do Acre, Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário