quarta-feira, 30 de abril de 2014

VIII Semana Florestal do Acre

Florestas sob um novo clima


Embora alguns discordem, duas constatações podem ser facilmente observadas sobre os eventos extremos e recentes da alagação no rio Madeira e das cheias no rio Acre: o clima está mudando e a culpa é nossa. 
Por sinal, essa constatação causou polêmica em 2007 quando foi publicado o relatório da ONU elaborado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, IPCC da sigla em inglês, no qual a principal conclusão era de que o aquecimento do planeta era uma verdade científica. 
Mais que isso, que esse aquecimento era causado pelo acúmulo na atmosfera de monóxido de carbono, oriundo, por exemplo, da fumaça que sai da descarga dos automóveis e do desmatamento das florestas na Amazônia. 
Não havendo dúvida científica quanto ao processo de aquecimento e de que a elevação da temperatura do planeta causará mudanças sensíveis no clima, o que, por sua vez, trará como uma das consequências a ocorrência cada vez maior de alagações e secas extremas na Amazônia, restaria aos amazônidas, em especial os cientistas e técnicos, uma saída: discutir a melhor maneira de minimizar os efeitos do aquecimento global sobre o ecossistema florestal da Amazônia.
É exatamente isso que pretendem os envolvidos com o setor florestal no Acre, durante a realização da VIII Semana Florestal.
Em sua oitava edição as semanas florestais, que acontecem na Universidade Federal do Acre e são organizadas pelos acadêmicos da Engenharia Florestal, se consolidou como evento anual prioritário para os que se preocupam com o futuro da maior floresta tropical do planeta.
Com o sugestivo slogan: Floresta sob um novo clima; os participantes poderão discutir o papel do ecossistema florestal na Amazônia como provedor do serviço ambiental de equilibrar o clima.
Um serviço que será cada vez mais cobiçado em um futuro próximo.
De 13 a 16 de maio de 2014 na Ufac.
Todos lá.        

Equipe do Centro Acadêmico de Engenharia Florestal

terça-feira, 15 de abril de 2014

Oitava Semana Florestal do Acre




* Ecio Rodrigues
Todos os anos, desde o início da década de 1990, acontecem no Acre diversos eventos, que, embora realizados de forma avulsa e desconexa, sempre têm como foco, em síntese, ou a produção florestal oriunda da biodiversidade, ou o processo de ocupação produtiva ancorado na expansão da agropecuária.
Esses temas estão relacionados, na medida em que são cruciais ao processo de desenvolvimento do estado. Não obstante, trata-se de dois modelos econômicos distintos, talvez até mesmo incompatíveis. O primeiro se refere à exploração da diversidade biológica, que pode conduzir o Acre ao caminho da sustentabilidade; o segundo diz respeito à consolidação da pecuária e do cultivo de grãos, que pode levar à degradação ambiental e social.
Cientes quanto a essa incompatibilidade, e cientes, acima de tudo, quanto à relevância do debate em torno da atividade produtiva baseada no ecossistema florestal, os envolvidos com a Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre, Ufac, se esforçam na realização de um evento anual, que já se tornou referência no âmbito estadual: a Semana Florestal.
A Semana Florestal, que terá lugar no Auditório da Ufac, no período entre 12 a 16 de maio próximo, sempre se debruça sobre assuntos atuais e pertinentes para o Acre e a Amazônia. Em suas edições anteriores, teve como tema: “Biodiversidade, a floresta que existe além das árvores (primeira edição, 2007); “Alternativas Florestais e Desafios Tecnológicos” (2008); “Manejo Florestal de Uso Múltiplo” (2009); “Reservas Extrativistas” (2010); “Manejo Florestal Empresarial” (2011); “Biomassa Florestal e Energia Elétrica (2012); e “Unidades de Conservação” (2013). Em 2014, na oitava edição do evento, as discussões ocorrerão em torno do tópico “Florestas e Mudanças no Clima”.
Acontece que, desde a realização, em 1992, no Rio de Janeiro, da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (a Rio 92), os países discutem a estreita relação que existe entre as formações florestais (em especial as nativas) e o equilíbrio do clima.
Já foi cientificamente comprovada a importância das florestas para a manutenção do equilíbrio hidrológico dos rios (sobretudo no caso da mata ciliar), bem como a efetiva ação das formações florestais na absorção do carbono presente na atmosfera, na melhoria da qualidade do ar, na manutenção de encostas – em suma, na mitigação dos impactos oriundos do efeito estufa e do conseqüente aquecimento do planeta.
Significa afirmar que a existência ou a inexistência de florestas pode representar, respectivamente, menor ou maior risco de ocorrência de tragédias associadas às alterações no clima, como secas, alagações, desbarrancamentos, calor excessivo e tsunamis.
Diante de tais constatações, um novo modelo de economia surge no mundo, com o fito, em última análise, de frear e minimizar os impactos advindos das mudanças climáticas. Chamada de economia de baixo carbono, numa referência explícita à redução do uso do petróleo no padrão de consumo atualmente mantido pela humanidade, esse promissor modelo econômico deverá priorizar o emprego de matérias-primas renováveis, vale dizer, que podem ser produzidas – ou manejadas – na floresta.     
Nessa nova economia, o ecossistema florestal da Amazônia tem papel preponderante. De fato, não há, para os cientistas, nenhum cenário ou prognóstico para o clima e para a economia, num futuro cada vez mais próximo, em que a Amazônia não apareça sob apreciável posição estratégica.
É nesse contexto que os atuais e futuros engenheiros florestais da Ufac pretendem conduzir os debates, tendo por referência a “Floresta sob um novo clima”, como assevera o slogan que venceu o concurso de lançamento do evento.
A saída – e ao que parece, não há quem duvide – está em aumentar a área de florestas manejadas no mundo, com destaque para a Amazônia. 

* Professor da Universidade Federal do Acre, Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.