quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Projeto de Restauração do Igarapé Santa Rosa, em Xapuri, conclui a Segunda Fase



Ocorreu no dia 09 de outubro último, na sede do IFAC no Campus de Xapuri, reunião de avaliação de encerramento da Fase II do Projeto Igarapé Santa Rosa. Com a presença de representantes das instituições envolvidas na sua execução foi possível discutir os avanços obtidos com relação a restauração do Igarapé Santa Rosa.  
Acontece que há mais de cinco anos um conjunto de instituições, que envolve a Prefeitura Municipal, o Fundo Mundial para Vida Silvestre, o WWF da sigla em inglês, a Oscip Andiroba, a Engenharia Florestal da UFAC, o IFAC de Xapuri, a Engenharia Civil da Unesp, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e a Associação dos Moradores do Bairro Bolívia, com recursos financeiros oriundos da Fundação Banco do Brasil realizam um conjunto variado de atividades no Igarapé Santa Rosa.
Detalhamento do Percurso Rural e Urbano do Igarapé Santa Rosa em Xapuri

       Como se pode observar no mapa acima o Igarapé Santa Rosa é genuinamente xapuriense, com nascente e foz no território do município. 
       Em torno de 70% do trajeto do igarapé é percorrido em área considerada rural onde se encontram seis propriedades em que a criação de gado é a atividade geradora de renda mais importante. 
      Outros 30% do percurso do igarapé acontece em área considerada urbana, com predominância de instalações residenciais e pouca, ou nenhuma, atividade comercial.
 Em ambos os casos a conservação do igarapé foi tratada com indiferença e despreocupação.
A equipe de pesquisadores envolvida na execução do projeto, formada por profissionais em nível de mestrado e doutorado nas áreas de engenharia florestal e civil observaram de pronto que havia diferenciação significativa no impacto decorrente da ação entrópica em cada um dos trechos.
Para o pesquisador da Unesp, Engenheiro Civil com doutorado em logística de transporte, Jairo Salim Pinheiro de Lima enquanto que na porção rural o igarapé foi degradado devido a substituição da mata ciliar por cultivo de capim, em área urbana o problema decorre do impacto na área de saneamento básico, com o despejo de esgoto sem tratamento.
Professor Dr Jairo Salim
Em sua apresentação realizada durante a reunião (foto ao lado) o pesquisador foi categórico ao afirmar que a situação crítica do igarapé pode ser revertida com a adoção de tecnologias de baixo custo e que estão disponíveis no mercado, sem que haja necessidade de se pagar pela patente.
Com relação à porção urbana do igarapé a tecnologia cadastrada na Rede de Tecnologia Social, denominada de Fossa Seca ou Fossa Séptica é de simples aplicação, não exige dos trabalhadores habilidades complexas e, o mais importante, de baixo custo.
         Apoiado com recursos da Fundação Banco do Brasil, a Fase II do projeto possibilitou a instalação de 270 Fossas Sépticas, atendendo a 100% das residências localizadas no raio de influência do Igarapé Santa Rosa. Significa que a totalidade do esgoto residencial carreados para o rio Acre chegará ao Igarapé Santa Rosa após passar por um tratamento sanitário.
         A expectativa é de que no curtíssimo prazo a água que corre no igarapé apresente características visíveis, como cor e turbidez, de melhoria. 

Luiz Augusto
Como afirmou o pesquisador Luiz Augusto Mesquita de Azevedo (foto ao lado), que é professor do curso de engenharia florestal da Ufac, o resultado poderá ser observado já no primeiro ano, ainda em 2016.
Tendo como tema de tese de doutoramento o detalhamento da metodologia de cálculo do IVI-Mata Ciliar, um indicador que possibilita obter uma lista de espécies florestais mais indicadas para restauração de mata ciliar em rios e igarapés na Amazônia, ao associar a restauração florestal da mata ciliar na porção rural com o tratamento do esgoto domiciliar na porção urbana o projeto trouxe uma solução técnica de baixo custo para um grave problema.
         O pesquisador também fez questão de salientar a importante contribuição prestada por todos os membros da equipe de pesquisadores que aceitaram o complexo desafio para encontrar soluções em uma área nova que estuda a interação entre água e florestas.
Ressaltando sua grata satisfação de participar em conjunto com essa equipe, ainda na década de 1990, do grupo de pesquisadores que foram precursores na concepção de tecnologia de manejo florestal comunitário para produção de madeira e transformação dos seringueiros em manejadores florestais, Luiz Azevedo considera que a Fase II do projeto foi um sucesso.
Sr. Chico Ramalho
Opinião compartilhada pelo presidente da Associação de Moradores do Bairro Bolívia, Chico Ramalho (foto ao lado), que fez questão de ressaltar que a instalação de 270 fossas sépticas foi um benefício que os moradores não poderão deixar de valorizar.
Acrescentou ainda que o momento é de união uma vez que a tragédia acarretada pela alagação do início do ano deve servir para que as comunidades se unam em torno de projetos para melhoria das condições de vida em Xapurí. Com motivação para concluir a construção da sede da Associação ele aproveitou para agradecer a todos que se uniram na execução do projeto fazendo um chamamento para discutir sua possível Fase III.
A conclusão unânime de todos os participantes é que essa experiência não pode ser perdida em relatórios de execução que agradam as instituições, mas tem pouca serventia na vida das pessoas. Pelo contrário, a experiência do Igarapé Santa Rosa deve ser continuada.
Após a trágica alagação de 2015, Xapurí parece dar sinais de que uma recuperação é possível. Só depende das pessoas.

Sra. Francisca, moradora do bairro Bolívia 


Georreferenciamento das residências contempladas pelo projeto 










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