O manejo do Cacau Nativo pelos extrativistas que habitam as margens do rio Purus, em Boca do Acre AM, adquire grande importância, na medida em que contribui para a geração de trabalho e renda na região e, por conseguinte, para a melhoria das condições sociais desses pequenos produtores. O manejo do cacau promove o uso sustentável da diversidade biológica existente no ecossistema florestal da Amazônia, uso este, por sua vez, que se apresenta como uma saída para a manutenção da floresta.
sábado, 31 de agosto de 2013
domingo, 25 de agosto de 2013
Características exclusivas garantem demanda para o cacau nativo
* Ecio Rodrigues
Nem sempre a domesticação de uma espécie florestal que adquire valor
comercial expressivo é a única ou a melhor saída. Domesticar significa retirar
a espécie do interior do ecossistema florestal para cultivá-la em espaço
aberto, sob alta produtividade e em larga escala. Significa também intensificar
os estudos em melhoramento genético, a fim de clonar a espécie florestal,
tornando-a mais produtiva.
A domesticação teve o grande mérito, é verdade, de praticamente suprimir
a fome no mundo. O procedimento vem sendo levado a efeito, diuturnamente e com
relativo sucesso, para todas as espécies que compõem a cesta de alimentação
básica da humanidade.
Todavia, no caso das espécies florestais, a experiência demonstra que
existe uma demanda permanente para o produto obtido mediante o manejo da
espécie no interior do ecossistema florestal. Esse produto encontra público
garantido, um nicho de mercado que resiste ao consumo massificado do produto derivado
da domesticação.
Na falta de uma explicação melhor, tudo indica que algumas características
exclusivas, presentes na espécie em ocorrência natural no ecossistema
florestal, fornecem certos atributos ao produto final, que, por sua vez, fazem
com que um seleto grupo de consumidores mantenha sua demanda.
É provável que o melhor exemplo seja o do cacau nativo amazônico. Com uma
produção expressiva desde o período posterior ao descobrimento do país, e que perdurou
por mais de 300 anos, o cacau nativo passou pelo processo de inelasticidade da oferta
até que a domesticação foi viabilizada.
Assim, sob elevados investimentos estatais, o cacau amazônico foi
cultivado em outras regiões do país. Esperava-se que as pragas existentes na
Amazônia, como o fungo causador da doença conhecida por “vassoura-de-bruxa”,
não chegassem às regiões consideradas de escape – o caso de Ilhéus, na Bahia –,
em que as condições climáticas, entre outros fatores, não seriam favoráveis à
proliferação do micro-organismo.
Para encurtar a história: em que pese todo o investimento feito no
cultivo do cacau, e não obstante o fato de o mercado para o chocolate produzido
com o cacau de cultivo ser vultoso e preponderante, o cacau nativo amazônico
continua sendo demandado e permanece no mercado, contrariando todas as
evidências. Essa circunstância só pode ser explicada por razões que remetem a características
exclusivas presentes nas espécies nativas.
Essas características exclusivas podem proporcionar melhorias relacionadas
à percepção sensitiva do chocolate oriundo do cacau nativo, que o diferenciam
do chocolate proveniente do cacau domesticado.
Como os europeus afirmam, o cacau nativo amazônico possui “flavour”
(misto de sabor e aroma) superior ao do cacau cultivado e que, ao longo do
tempo, passou por melhoramentos para se tornar mais produtivo. Como se sabe, a
produtividade é o principal atributo para o mercado massificado.
A conclusão é que o mercado massificado, que requer uma grande escala de
produção, pode ser atendido pela domesticação da espécie em cultivos, e até
mesmo, como no caso da borracha, pela sua substituição por sintéticos (leia-se
indústria do petróleo).
Todavia, quando a demanda busca certas especificidades num determinado
produto oriundo de uma espécie florestal – concernentes ao sabor, à aparência, ao
aroma ou aos coeficientes técnicos desse produto –, surgem nichos de mercado que
mantêm o consumo da espécie florestal manejada em seu ambiente nativo, ou
melhor, do produto extraído das árvores dispersas no interior da floresta.
O cacau amazônico, extraído da floresta nativa, apresenta menor escala de
produção e alcança maior preço de mercado. O que é melhor para a Amazônia?
* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac),
Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal
e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de
Brasília (UnB).
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Engenharia Florestal da Ufac é finalista de prêmio do Banco do Brasil
O projeto “Manejo Florestal
Comunitário do Cacau Nativo do Purus: Extensão Tecnológica para
Adoção”, desenvolvido nos últimos seis anos por professores e estudantes
do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre
(Ufac), numa área que vai de Sena Madureira-AC a Lábrea-AM, acaba de
tornar-se um dos 30 finalistas do Prêmio Fundação Banco do Brasil de
Tecnologia Social, 7ª edição.
Entre os estudos realizados, desde
2007, pela equipe da Ufac sobre a incidência do cacau na área referida,
destacam-se o mapeamento da dispersão do fruto com imagem de satélite, o
inventário florestal da área de ocorrência, a logística da produção da
semente, os dados referentes à sócio economia da população extrativista
envolvida na produção, a genética dos cacaueiros e o teste dos
protocolos de manejo.
“Todos esses estudos são subsidiários
ao Plano de Manejo Florestal Comunitário, documento que tem duas
finalidades importantes: servir de referência para a cooperativa dos
cacauicultores gerenciar toda produção e chegar às 40 toneladas de cacau
nativo demandadas; e possibilitar o licenciamento ambiental de toda
cadeia produtiva do cacau nativo do Purus”, explicou o professor Ecio
Rodrigues, coordenador do projeto.
“Outra coisa interessante a ser dita,
com respeito a esse projeto”, ainda no dizer de Rodrigues, “é que a Ufac
não está sozinha nesse empreendimento, contando com um leque variado de
parcerias institucionais, entre as quais se incluem a Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), a Universidade de
Freiburg, da Alemanha, e a Comissão Executiva do Plano da Lavoura
Cacaueira (Ceplac)”.
Recorde de inscrições
O Prêmio Fundação Banco do Brasil de
Tecnologia Social recebeu, nesta 7ª edição, 1.011 inscrições de
iniciativas sociais vindas de todas as regiões do país. O número é 93,3%
maior do que o registrado na primeira edição, realizada em 2001.
Naquele ano, foram inscritos 523 projetos.
Em 12 anos, por meio do prêmio, a
fundação identificou, premiou e certificou como “Tecnologia Social”
diversas iniciativas que hoje compõem o Banco de Tecnologias Sociais
(BTS), uma base de dados on-line disponível para acesso. O tema educação
recebeu o maior número de inscrições (457) em 2013, seguido de renda
(219), meio ambiente (137), saúde (75), alimentação (64), recursos
hídricos (35), habitação (14), e energia (10). A região Sudeste
apresentou o maior número de iniciativas sociais inscritas (409).
Para ser certificado como “Tecnologia
Social”, o projeto inscrito deve corresponder aos critérios de
reaplicabilidade, efetividade da transformação social, interação com a
comunidade, ter sido implementado há pelo menos um ano e contemplar, no
mínimo, uma das seguintes dimensões: protagonismo social; respeito
cultural; cuidado ambiental; e solidariedade econômica. O certificado é
concedido pela Fundação Banco do Brasil, em conjunto com a Petrobras e a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).
Postado em: 20/8/2013
Fonte: http://www.ufac.br/portal/engenharia-florestal-da-ufac-e-finalista-de-premio-do-banco-do-brasil
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Novos indicadores sociais dos manejadores de cacau nativo do Purus
Nos últimos 3 anos uma equipe de pesquisadores oriundos da Universidade
Federal do Acre, da Unesp e da Universidade de Freiburg, da Alemanha, se
envolveram no estudo das características sociais e econômicas presentes
na população de ribeirinhos do Rio Purus que se dedicam ao extrativismo
do cacau nativo.
Com apoio do CNPq, que em 2007 aprovou projeto com orçamento equivalente a R$ 200.000,00, foi possível realizar um amplo processo de levantamento estruturado em 6 estudos principais: mapeamento da dispersão do cacau nativo com imagem de satélite, inventário florestal da área de ocorrência, logística de produção da semente de cacau, socio-economia da população extrativista envolvida na produção, genética dos cacaueiros e, por último, teste dos protocolos de manejo.
Considerado um dos estudos de maior importância para entender a realidade vivenciada no Purus, o estudo de socioeconomia procurou dividir a população de acordo com as especificidades de cada trecho do Purus.
Os novos indicadores, objeto de monografia de conclusão de curso defendida pelo, agora, Engenheiro Florestal ZULMIRO FELIX DE AMORIM NETO (foto ao lado: a partir da esquerda: Israell Melo, Aldenor Fernandes, Zulmiro Felix e Ecio Rodrigues) mostram claramente que tal qual a imensa diversidade biológica a realidade social e econômica também é diversa.
Como indica o título do estudo: SOCIOECONOMIA DOS MANEJADORES DE CACAU NATIVO DO PURUS: DO SANTO ELIAS AO CANACURÍ, AMAZONAS, o cotidiano nesse trecho do Purus apresentou surpresas que contrariam o senso comum: os indicadores sociais e econômicos melhoram à medida que se afasta da influencia dos maiores centros urbanos, como o do município de Boca do Acre, por exemplo.
Todos esses estudos são subsidiários ao Plano de Manejo Florestal Comunitário, documento que tem duas finalidades importantes: servir de referencia para Cooperar gerenciar toda produção e chegar às 40 toneladas de cacau nativo demandadas; e, possibilitar o licenciamento ambiental de toda cadeia produtiva do cacau nativo do Purus.
O Plano foi concluído e entregue à Cooperar em outubro último e inicia-se agora uma nova e decisiva etapa para produção familiar do cacau nativo do Purus, a de implementação do Plano.
Fonte: http://www.andiroba.org.br
Com apoio do CNPq, que em 2007 aprovou projeto com orçamento equivalente a R$ 200.000,00, foi possível realizar um amplo processo de levantamento estruturado em 6 estudos principais: mapeamento da dispersão do cacau nativo com imagem de satélite, inventário florestal da área de ocorrência, logística de produção da semente de cacau, socio-economia da população extrativista envolvida na produção, genética dos cacaueiros e, por último, teste dos protocolos de manejo.
Considerado um dos estudos de maior importância para entender a realidade vivenciada no Purus, o estudo de socioeconomia procurou dividir a população de acordo com as especificidades de cada trecho do Purus.
Os novos indicadores, objeto de monografia de conclusão de curso defendida pelo, agora, Engenheiro Florestal ZULMIRO FELIX DE AMORIM NETO (foto ao lado: a partir da esquerda: Israell Melo, Aldenor Fernandes, Zulmiro Felix e Ecio Rodrigues) mostram claramente que tal qual a imensa diversidade biológica a realidade social e econômica também é diversa.
Como indica o título do estudo: SOCIOECONOMIA DOS MANEJADORES DE CACAU NATIVO DO PURUS: DO SANTO ELIAS AO CANACURÍ, AMAZONAS, o cotidiano nesse trecho do Purus apresentou surpresas que contrariam o senso comum: os indicadores sociais e econômicos melhoram à medida que se afasta da influencia dos maiores centros urbanos, como o do município de Boca do Acre, por exemplo.
Todos esses estudos são subsidiários ao Plano de Manejo Florestal Comunitário, documento que tem duas finalidades importantes: servir de referencia para Cooperar gerenciar toda produção e chegar às 40 toneladas de cacau nativo demandadas; e, possibilitar o licenciamento ambiental de toda cadeia produtiva do cacau nativo do Purus.
O Plano foi concluído e entregue à Cooperar em outubro último e inicia-se agora uma nova e decisiva etapa para produção familiar do cacau nativo do Purus, a de implementação do Plano.
Fonte: http://www.andiroba.org.br
Cacau gera renda em comunidades de Boca do Acre e Pauini. Matéria-prima serve à fabricação de chocolate na Alemanha
A comunidade Maracaju, na Reserva Extrativista (Resex) Arapixi, no
interior de Boca do Acre, recebeu a visita de representantes de diversas
instituições federais, estaduais, municipais e de produtores, que
participaram da expedição Cacau Nativo do Purus. O grupo conheceu também
outras três comunidades ribeirinhas da região – Prainha, Santo Elias e
Fazenda São Sebastião, esta última localizada no entorno da Floresta
Nacional (Flona) do Purus.
Com a expedição, as instituições pretendem integrar esforços para fortalecer a cadeia produtiva do cacau nativo na região. A produção será realizada por meio do manejo, organização comunitária e beneficiamento do produto nas próprias comunidades. Os organizadores acreditam que a medida resultará na geração de trabalho e renda e em aumento de produtividade, de eficiência e de qualidade do produto.
A várzea do rio Purus é pioneira no extrativismo do cacau nativo. Desde 2006, a Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus (Cooperar) contribui com a exportação do produto para a empresa de chocolates especiais Hachez (Alemanha).
A cooperativa compra os frutos de cacau nas comunidades ribeirinhas e os transporta (inteiros ou apenas as sementes com polpa) para serem beneficiados em quatro unidades produtivas centrais. Para garantir a qualidade do produto, as unidades localizam-se em área estratégicas.
No último ano, a cooperativa produziu cerca de 42 toneladas de cacau seco. No processo, foram envolvidos 553 extrativistas de 132 comunidades ribeirinhas dos municípios de Boca do Acre, Pauini e Lábrea (AM).
A Resex Arapixi é uma das principais áreas produtivas envolvidas no projeto. Em 2011, 72 extrativistas de 11 comunidades coletaram cerca de 440 mil frutos, equivalentes a aproximadamente 11 toneladas de cacau seco.
Alagação de 2012 compromete a produção
Os moradores da comunidade Santo Elias, margem esquerda do rio Purus, já no município de Pauini, disseram que alagação de deste ano prejudicou muito a produção. Segundo eles, a água invadiu os terrenos onde estão os pés de cacau, além de inundar e danificar as estruturas das estufas, que servem para a secagem do caroço.
Fonte: Portal do Purus
http://www.portaldopurus.com.br/index.php/melhores-noticias/6003-cacau-gera-renda-em-comunidades-de-boca-do-acre-e-pauini-materia-prima-serve-a-fabricacao-de-chocolate-na-alemanha
Com a expedição, as instituições pretendem integrar esforços para fortalecer a cadeia produtiva do cacau nativo na região. A produção será realizada por meio do manejo, organização comunitária e beneficiamento do produto nas próprias comunidades. Os organizadores acreditam que a medida resultará na geração de trabalho e renda e em aumento de produtividade, de eficiência e de qualidade do produto.
A várzea do rio Purus é pioneira no extrativismo do cacau nativo. Desde 2006, a Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus (Cooperar) contribui com a exportação do produto para a empresa de chocolates especiais Hachez (Alemanha).
A cooperativa compra os frutos de cacau nas comunidades ribeirinhas e os transporta (inteiros ou apenas as sementes com polpa) para serem beneficiados em quatro unidades produtivas centrais. Para garantir a qualidade do produto, as unidades localizam-se em área estratégicas.
No último ano, a cooperativa produziu cerca de 42 toneladas de cacau seco. No processo, foram envolvidos 553 extrativistas de 132 comunidades ribeirinhas dos municípios de Boca do Acre, Pauini e Lábrea (AM).
A Resex Arapixi é uma das principais áreas produtivas envolvidas no projeto. Em 2011, 72 extrativistas de 11 comunidades coletaram cerca de 440 mil frutos, equivalentes a aproximadamente 11 toneladas de cacau seco.
Alagação de 2012 compromete a produção
Os moradores da comunidade Santo Elias, margem esquerda do rio Purus, já no município de Pauini, disseram que alagação de deste ano prejudicou muito a produção. Segundo eles, a água invadiu os terrenos onde estão os pés de cacau, além de inundar e danificar as estruturas das estufas, que servem para a secagem do caroço.
Fonte: Portal do Purus
http://www.portaldopurus.com.br/index.php/melhores-noticias/6003-cacau-gera-renda-em-comunidades-de-boca-do-acre-e-pauini-materia-prima-serve-a-fabricacao-de-chocolate-na-alemanha
domingo, 18 de agosto de 2013
A Domesticação Nem Sempre é a Melhor Saída
* Ecio Rodrigues
No âmbito da produção florestal, a opção pela domesticação de espécies de
valor comercial é uma tendência de mercado. Essa tendência se concretiza quando
existe uma demanda crescente pelo produto florestal, e a ocorrência da espécie
em ambiente natural, dentro do ecossistema, proporciona oferta limitada, em
vista da pequena quantidade de árvores dispersas por hectare.
Ante a inelasticidade da oferta, a ampliação da demanda pelo produto
florestal força a inclusão de novas áreas no sistema produtivo até um
determinado limite. Mantida a demanda crescente, mesmo após o novo limite de
produção ter sido alcançado com a inclusão das novas áreas, o mercado começa a
investir na domesticação da espécie, a fim de continuar o atendimento da
demanda e ampliar os ganhos com a produção.
Trata-se de raciocínio relativamente simples e de fácil comprovação na
história da ocupação produtiva da Amazônia e dos ciclos econômicos de alguns
produtos florestais, como borracha, óleo de pau-rosa, pupunha, cupuaçu e,
claro, cacau.
Essa relação de causa e efeito entre a inelasticidade da oferta e a domesticação
decorrente do aumento da demanda, no caso das espécies florestais com
importância comercial, foi muitas vezes abordada em documentos acadêmicos.
Todavia, nenhum desses estudos atentou para o fato de que a demanda pode
assumir algumas especificidades, criando nichos de mercado para os produtos
provenientes das árvores nativas, ou seja, das árvores que permanecem no
ecossistema.
Acontece que, por razões variadas e de difícil aferição, as espécies
florestais que se encontram no interior do ecossistema podem, ao longo de um
permanente e ininterrupto ciclo de reprodução, manter e aprimorar características
exclusivas, atraindo, para o produto florestal, um público específico, que
busca justamente esse diferencial.
Ao que parece, há algum tipo de relação de interdependência com o
ambiente, que faz com que essas características exclusivas sejam, como a
própria expressão indica, exclusivas das árvores encontradas no ecossistema
florestal.
O caso do látex usado como matéria-prima na produção de preservativos é
um bom exemplo. Segundo estudos realizados pela fábrica de preservativos
masculinos instalada no Município de Xapuri-AC, que produz a marca Natex, o
látex oriundo do seringal nativo, isto é, o látex extraído das árvores de
seringueira existentes na floresta nativa apresenta melhores coeficientes
técnicos para a produção de preservativos, fornecendo maior resistência ao
produto.
Como a resistência é uma característica importante para o preservativo, o
produto confeccionado com o látex procedente dos seringais nativos tem sua
demanda mantida pelo mercado – ou melhor, por um nicho do mercado de
preservativos – pois, quando a mesma espécie é cultivada em seringais plantados
essa característica exclusiva desaparece.
Significa que, embora o mercado dos preservativos oriundos das
seringueiras cultivadas responda por mais de 95% do consumo desse produto, uma
pequena parte dos consumidores irá permanecer no universo dos 5% que preferem
os preservativos confeccionados a partir da borracha nativa.
Pode-se dizer então que, mesmo havendo uma demanda permanente pelas características
exclusivas, o que impede a total e definitiva domesticação da espécie florestal,
a quantidade de consumidores que valorizam essas características, a ponto de aceitar
pagar a mais por elas, será sempre expressivamente inferior à quantidade de
consumidores que continuam movimentando o mercado do cultivo. As características
exclusivas, dessa forma, atendem não aos grandes mercados dos produtos
florestais, mas a pequenos quinhões, a pequenos nichos desses mercados.
A domesticação não é a única resposta para os impasses econômicos da
produção florestal. É possível gerar renda manejando a espécie no interior da
floresta. Para a Amazônia, essa a melhor saída.
* Professor da
Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal
e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de
Brasília (UnB).
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Cacau Nativo do Purus é Um dos Finalistas no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social.
O
Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, criado em 2001, é
o principal instrumento de identificação e certificação de tecnologias
sociais que compõem o Banco de Tecnologias Sociais – BTS.
Realizado a cada dois anos, o Prêmio tem por objetivo identificar,
certificar, premiar e difundir tecnologias sociais já aplicadas,
implementadas em âmbito local, regional ou nacional, que sejam efetivas
na solução de questões relativas à alimentação, educação, energia,
habitação, meio ambiente, recursos hídricos, renda e saúde.
O
Projeto Cacau Nativo do Purus do Curso de Engenharia Florestal da
Universidade Federal do Acre - UFAC tem se destacado pela inovação,
tecnologia e implementação de um modelo de desenvolvimento sustentável
na Amazônia, tornando-se referência a estudos de manejo florestal
comunitário e usos múltiplos da floresta. Devido ao grande destaque e
dimensão alcançada pelo projeto, outros estados tem buscado seguir este
modelo, a exemplo de Rondônia na Floresta Nacional do Jamari.
O
projeto recebeu a visita do senhor Gerson Oscar representante do Banco
do Brasil responsável pela a avaliação. O mesmo teve a oportunidade de
conhecer a estrutura de beneficiamento e representantes das comunidades
que trabalham com a exploração do cacau nativo em Boca do Acre – AM.
Reuniu-se com a equipe responsável pelo projeto e conheceu um
experimento que é realizado no parque Zoobotânico da UFAC que faz a
avaliação do desempenho do cacau nativo em terra firme.
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