Prêmio Tecnologia
Social FBB – Edição 2013
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO ACRE
Engenharia Florestal
MANEJO FLORESTAL
COMUNITÁRIO DO CACAU NATIVO DO PURUS
Coordenador: Professor ECIO RODRIGUES, Engenheiro
Florestal, PhD
Professor NEI
BRAGA GOMES, Engenheiro Florestal, PhD
Ainda em 2007 os produtores extrativistas de cacau nativo
localizados nas margens do Rio Purus, no trecho entre Sena Madureira no Acre e
Lábrea no Amazonas, se depararam com um grande e especial desafio: a empresa
alemã Hachez fechou um contrato de compra de todas as 9 toneladas produzidas e
tinha demanda para 40 toneladas, desde que o cacau fosse nativo.
Ou seja, o desafio era quadruplicar a produção sem poder
apelar para a solução usual da domesticação e do cultivo, pois o diferencial do
chocolate produzido pela empresa era que a semente de cacau era selvagem,
primitiva e original. Procuraram de imediato os pesquisadores da Engenharia
Florestal da Ufac para ajudar a encontrar uma resposta.
Um estudo inicial de logística permitiu à equipe
envolvida compreender todas as fases do processamento da semente de cacau
nativo, desde a coleta na árvore até a semente seca que chega na Alemanha. Foi
possível observar duas características principais.
Primeiro que todo processo produtivo era realizado com
uma sequencia de atividades que poderiam ser melhoradas, com a introdução de
inovações tecnológicas elementares e, segundo, que a semente de cacau para ser
produzida com a qualidade que a empresa requeria exigia uma rotina de produção
e disciplina rigorosas, definidas pelos tempos necessários a cada etapa do
processo.
Ocorre que uma vez colhido o fruto tem que ser quebrado
em até 5 dias. Uma vez quebrado a semente tem que ser fermentada em até 7 dias.
Uma vez fermentada a semente tem que ser seca em até 40 dias. Após esse período
é embalada em sacos de lona e embarcada em balsa que leva até 60 dias para
chegar na Alemanha. Desvios nesses prazos estragam a semente e acarretam perdas
irreparáveis.
A solução apontada pelos Engenheiros Florestais se orientou
para a necessidade de se elaborar um Plano de Manejo Florestal Comunitário para
o Cacau Nativo do Purus. Um documento que serviria a dois fins específicos: orientar
os mais de 500 extrativistas associados à Cooperar a como proceder em todo
processo produtivo empregando inovações tecnológicas, que permitiriam alcançar
a produtividade demandada pela empresa; e possibilitar o licenciamento
ambiental da atividade, junto aos órgãos de controle e monitoramento da
produção florestal na Amazônia.
Mas para elaborar um documento com esse nível de
exigências era preciso obter uma série de informações subsidiárias. Com apoio
do CNPq foi possível conceber e executar projeto de pesquisa, encerrado em
junho de 2010, que produziu 5 documentos essenciais: Mapeamento da dispersão do
povoamento de cacau com Imagem de Satélite de média resolução, para saber onde
havia cacau na margem do Purus; Inventário Florestal do cacau nativo, para
saber a quantidade exata de pés de cacau existentes onde o mapeamento apontou
sua ocorrência; Socioeconomia dos produtores, para aferir a importância do
cacau na geração de emprego e renda junto aos produtores; e, o mais importante,
Plano de Manejo Florestal Comunitário, que definiu um conjunto de 6 protocolos
de manejo para ampliar a produção de cacau.
Essa importante experiência acaba de
ser CERTIFICADA como TECNOLOGIA SOCIAL e a partir de agora faz parte da REDE DE
TECNOLOGIA SOCIAL o que auxilia, sobremaneira na captação de recursos
financeiros para continuidade do projeto.
A todos os envolvidos na execução do
projeto os parabéns da Engenharia Florestal da Ufac.
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