segunda-feira, 16 de julho de 2018

Privatizar a Petrobras antes do fim do motor a diesel é decisão estratégica


* Ecio Rodrigues
Mesmo para quem desconhece os meandros do mercado mundial de petróleo, parece não haver dúvida que uma petroleira não pode, ou não aguenta!, ser gerida por meio de indicação política.
Sem embargo, os 60 anos de existência da Petrobras demonstram que a indicação política tem sido, por excelência, o procedimento usado para a escalação dos diretores dessa empresa.
Mas não apenas a Petrobras, essa premissa se aplica a todas as estatais brasileiras – sendo incontestável a situação precária de gerenciamento em que foram jogadas, por conta de tal condição.
A solução, obviamente, está na privatização. Caixa Econômica, Banco da Amazônia, Correios, Eletrobras e, claro, Petrobras devem ser privatizadas – só assim será possível estancar a sangria de recursos públicos a que dão causa, inclusive em função dos altíssimos salários e privilégios conferidos a seus diretores.
No caso da Petrobras, a sabotagem levada a efeito pelos caminhoneiros fez eclodir o debate acerca da privatização. Duas razões ajudam a explicar a premência desse debate
A primeira delas é apontada por economistas que se dedicam ao estudo da formação de preços de bens e serviços. Para eles, preço de combustíveis não pode – jamais! – ser definido por decreto.
Esses especialistas vão mais além ao demonstrar que, sendo uma empresa estatal, a Petrobras sofreu aparelhamento e ingerências para baixar o preço do diesel, contrariando as forças do mercado internacional.
No médio prazo, essa distorção causou os brutais prejuízos contabilizados no período entre 2003 a 2015, quando os dirigentes foram nomeados por governos de esquerda.
A segunda razão que torna a Petrobras um caso urgente de privatização diz respeito ao produto que a transformou numa gigante estatal – o petróleo.
Toda empresa que atua na indústria do petróleo, seja de gestão privada ou estatal, é obrigada a tomar decisões estratégicas, especificamente com relação a dois temas cruciais no atual cenário mundial: esgotamento de jazidas e crise ecológica decorrente do impacto de combustíveis fósseis para o aquecimento do planeta.
É verdade, ou um fato: tratando-se de um recurso não renovável na natureza, o petróleo acabará um dia, e esse dia está cada vez mais próximo.
Todos os países produtores e consumidores de petróleo, com maior ou menor determinação, se preparam para o inevitável esgotamento dessa matéria-prima, esforçando-se na busca de uma alternativa energética.
É verdade, ou um fato: o uso de petróleo como combustível vai se reduzir ao mínimo, em função da crise ecológica mundial.
Os 195 países que assinaram o Acordo de Paris em dezembro de 2015 se empenham para mitigar o aumento da temperatura planetária, e têm como foco imediato a substituição dos motores de combustão pelos motores elétricos.
Ou seja, ainda no curto prazo a demanda por gasolina e diesel em veículos, inclusive caminhões, será reduzida de maneira radical – o que levará a uma queda drástica no preço desses combustíveis na bomba.
Como o diesel é mais poluente que a gasolina, as indústrias automobilísticas vêm anunciando, sobretudo na Europa, o encerramento da produção de veículos com esse combustível. Significa que o motor a diesel está com os dias contados.
É verdade, ou um fato: a era do motor elétrico já começou, e o declínio da ultrapassada estatal brasileira do petróleo, também. 

*Professor Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista em Manejo Florestal e mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná, e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.

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