terça-feira, 18 de julho de 2017

A revolução do carro elétrico já começou!



* Ecio Rodrigues
Perante o Acordo de Paris – pacto celebrado em 2015, sendo reconhecido como o mais abrangente e representativo tratado internacional voltado para a mitigação do aquecimento global e consequentes mudanças climáticas –, um conjunto de mais de 190 países assumiu o compromisso de reduzir as emissões de carbono originadas da queima de petróleo.
Uma medida drástica, todavia, proporcional à crise que se avizinha.
Acontece que está no consumo dos combustíveis à base petróleo a chave para reverter os impactos ambientais, econômicos e sociais advindos da elevação da temperatura mundial.
A medida é drástica porque põe em xeque o modelo de produção industrial que proporcionou riqueza aos países desenvolvidos, garantindo-lhes altos níveis de IDH. Ao desafiar esse modelo industrial, essas nações, em última análise, estão arriscando o elevado padrão social e econômico que lograram alcançar.
É verdade que uma mudança de paradigma tão colossal ocorre gradualmente, exigindo tempo e planejamento. Por isso, no Acordo de Paris foram definidos prazos elásticos, tendo-se fixado o ano de 2030 como termo final para o cumprimento da maioria das metas estabelecidas.
Mesmo antes de a crise ecológica mundial se tornar iminente, o setor de transportes já tinha começado a fazer seu dever de casa, buscando uma tecnologia alternativa aos motores de combustão interna (leia-se: que consomem petróleo). Desse modo, a decisão política sinalizada pela assinatura do pacto mundial foi decisiva para que as indústrias automotivas se adiantassem.
Como fez a Volvo, por exemplo, que acabou de anunciar que a partir de 2019 passará a produzir exclusivamente carros movidos por motor elétrico.
Diga-se que, muito embora o preço de comercialização do carro elétrico seja elevado, quando comparado aos veículos a gasolina, estima-se que os custos de produção vão baixar ainda no curto prazo.
Todos já tivemos a oportunidade de presenciar como se dá o processo de introdução de uma inovação tecnológica no mercado. Foi o que aconteceu com o câmbio automático (para continuar no contexto automobilístico), que rapidamente se tornou acessível, passando a ostentar preços compatíveis com os praticados no mercado nacional.
No caso do motor elétrico, o sistema de preços que regula o processo de produção em escala pode ser influenciado por fatores que vão acelerar ainda mais a redução dos custos.
Não precisa ser engenheiro-eletricista ou engenheiro-mecânico, qualquer pessoa que já se viu às voltas com uma simples bomba d’água tem noção da distância gigantesca que separa os motores elétricos daqueles à combustão – em especial no que se refere ao conjunto de componentes e exigência de manutenção.
Bombas elétricas, além de apresentarem uma estrutura simples, que compreende carcaça e rotor, quase não exigem manutenção e duram muito.
Significa afirmar, por exemplo, que as oficinas mecânicas têm prazo para acabar. O mesmo raciocínio vale para um número significativo de pequenas fábricas que manufaturam desde um parafuso específico até o cabeçote que resiste à queima de combustível.
Para a realidade brasileira, ainda parece difícil imaginar o desaparecimento dos carros a gasolina e das oficinas, contudo, esse é o futuro próximo – até porque a revolução trazida pelo carro elétrico não depende de decisões de governos.
Vai acontecer, enquanto por aqui ainda discutimos o fim do desmatamento ilegal na Amazônia e fingimos que o desmatamento legalizado não existe.

*Professor Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista em Manejo Florestal e mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná, e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.

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